terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Passagem Secreta

Este post é longo, eu sei. Porém muito interessante. Leia até o fim, garanto que você não vai se arrepender.
Confesso. Eu tive um amigo imaginário na infância. Na minha época, naquela era da geração Coca-Cola, ter 12 anos significava ser criança. Aos 13 e 14, estava descobrindo que namorar era algo interessante. Ou não. Confesso mais uma vez. Eu tive esse amigo...por longos anos...não me recordo exatamente quando ele surgiu. E também nem como e quando ele se foi. Mas...eu sinto muita, muita, muita saudade do Vinícius. Tínhamos mais ou menos a mesma idade. A gente não sabia quem era mais velho. Nunca tivemos essa informação. Acredito que ele tenha ido embora, aproximadamente com 12 anos. Espero muito que ele esteja bem.
Se você estiver se perguntando se eu era uma criança solitária...já lhe informo que não. Eu morava num bloco de apartamentos com muitas crianças. Brincava muito no parquinho e tive muita vitamina S (sujeira). Eu chegava em casa toda preta de sujeira. Minhas roupas...ficavam irreconhecíveis. Obrigada mãe, por recuperá-las.
Li estudos que dizem ser absolutamente normal, uma criança mais sensível e inteligente, criar um amigo como esse, entre 3 e 6 anos de idade. Caso entre na pré-adolescência, com tal amigo, deve-se procurar ajuda profissional. Alguns pais, não levam tal amigo com naturalidade. Nunca chame seu filho de tolo, de maluco. Tolo é você se fizer isso.
O Vinícius aparecia apenas...em casa. A bola quicava na parede e voltava para minhas mãos. Parede? Eu quis dizer...Vinícius. Lanche da tarde em período de férias...era servido para mim, meu irmão e o Vinícius. Playmobil era praticado em dupla. Barbie ele não gostava, era coisa de menina. Que tonto. Carrinhos, ele adorava estacionar. Mas...eu brigava muito com ele, por não querer me ajudar a guardar os brinquedos utilizados. Ele estudava em outro período e escola. Agradeço aos meus pais, por terem levado o caso com inteligência e sabedoria. Eu nunca fui recriminada por ter tamanha imaginação. Hoje, tenho grande criatividade desenvolvida, graças aos meus pais me permitirem desde cedo, colocá-la em prática.
Minha filha não seguiu por este caminho. Mas...por um caminho bem semelhante. Algumas crianças...não imaginam amigos como humanos...mas podem utilizar um objeto para o mesmo fim. Como citei...o Filis e o Henrique são seus maiores amigos. São objetos.
Será que existe alguma explicação química para esses episódios? Não sei. Por mais que digam ser normal, pois crianças possuem imaginação e vivem em mundos de sonhos...o que diferencia umas terem tal tipo de amizade e outras não terem? Se são todas crianças...todas deveriam ter então. Se alguém souber me explicar melhor...agradeço. Estou à disposição.
A menina que completará sete anos, no próximo mês, possui não um amigo imaginário, mas demonstra grande imaginação. No corredor interno da casa, no piso superior, próximo a frente da porta do seu quarto, existe nada mais, nada menos...do que...uma passagem secreta. Acredito que essa idéia tenha vindo, do jogo que lhe apresentei um dia.” Hero Quest” um RPG de tabuleiro, cheio de monstros, feitiços, magias, arminhas, heróis, abismos, passagens secretas, tesouros e uma quinquilharia mais que pode suportar um jogo de RPG. A garotinha ficou encantada com o mesmo. No entanto, a passagem secreta no corredor da casa, surgiu meses depois de ter jogado o “Hero Quest”.
Cheguei do trabalho, depois de um dia cansativo. Meus pais estavam em casa, e minha filha também. Estava de férias. Um calor beirando o insuportável. Chamei por ela. Sem resposta. Chamei novamente. Sem sucesso. Minha mãe achou estranho e comentou que ela disse que “ia dar uma volta”, e sumiu pelo andar de cima. Meu coração mais uma vez na minha vida, foi parar na minha boca. Consegui engoli-lo de volta. Chamei um pouco mais alto. Crianças...quando avisam que vão fazer algo pleno de criatividade e simplesmente...somem...ou se silenciam...é sinal verde de que algo está para acontecer. Desastroso ou divertido...é esperar ou não, para se ver o resultado. Com a tentativa um pouco mais alta de chamar-lhe pelo nome, ela apareceu...
- Ah...oi mãe...desculpa, eu não te ouvi pois eu estava longe. Fui na casa da Mayara e voltei.
Por instantes...eu me calei. Esperei no pé da escada, para abraçar carinhosamente aquela pequena criatura. Estava cheirosa. De camisolinha azul. Naquele primeiro momento, não dei atenção pelo fato de ter literalmente “viajado” até a casa da Mayara. Mayara, é sua melhor amiga na escola. Conversando com meus pais, preparando o prato da pequena para o jantar, ela entrou na cozinha com os pés descalços.
- Mamãe, eu preciso muito te contar um segredo. Você pode vir aqui na sala, só um minutinho? –me pediu carinhosamente.
- Claro.
Dirigimo-nos para o sofá. Sentamos e ela sussurrou ao meu ouvido.
- Mamãe, não conta pra ninguém. Não conta nem pra vovó, nem “pro” vovô, e nem “pro” titio. Pra ninguém.
- Tudo bem filha, não vou contar. Diga amor, o que houve? – respondi em seu ouvido, bem baixinho.
- Lá em cima mamãe...tem uma passagem secreta.
Naquele momento sim, eu entrei em sua fantasia. Não me ocorreram imagens e pensamentos nenhuns de qualquer perigo ou equívocos, em alimentar aquela brincadeira. Eu tenho verdadeira fixação sobre o mundo mágico e infantil. É sem dúvidas, o mundo mais do que perfeito. É puro e inocente.
- Sério filha? Onde? Você entrou nela? – continuei, demonstrando curiosidade e crença no que ela havia dito.
- É mamãe, é na parede, perto do nosso quarto. Eu te mostro. Mas, não fala pra ninguém, tá?
- Não falo não. Pode deixar. Você quer me mostrar agora ou mais tarde?
- Pode ser agora.
Subimos em silêncio. Minha mãe estava próxima do local. Esperamos. Disfarçadamente, aguardamos o melhor momento para continuarmos com nosso...segredo. Logicamente, estavam as duas, eu e minha filha, com a feição de estar cometendo...um crime. Era nítido que estávamos escondendo algo. Assim que minha mãe entrou no banheiro, a pequena me mostrou o local.
- É aqui mamãe – colocando as duas mãos esticadas na parede.
- É? – e fiz o mesmo que ela.
- Sim – e começou a empurrar a parede.
- Huuuuuur... – a imitei.
- Nossa...não está abrindo. Eu acho que é porque você está aqui – falou apreensiva e me olhou.
- Tudo bem querida. Mais tarde, você volta. Tenho certeza de que vai abrir. Eu também acho que porque estou aqui, não está abrindo. Isso acontece.
E descemos para jantar. Quando perguntei sobre o passeio dela para a casa da amiga, pela passagem secreta...ela respondeu que tinha sim me escutado chamar. Mas, pensou que eu não ouviria caso ela respondesse que já estava voltando. Pedi então, que quando ela estivesse dentro da passagem secreta, e alguém a chamasse, ela tentasse falar mais alto...que já estava voltando de seu passeio. Com isso, ficaríamos mais tranqüilos e aguardaríamos o seu retorno, sem problema nenhum. Ela concordou. Fantasie, e verá o quanto é capaz, a mente de seu filho.
Juli.

Papo de Criança, mãe!

Apenas seguindo o post “Fui pra diretoria”, ocorreu um episódio correlacionado e um tanto engraçado. Algumas vezes, quando você está em meio a uma conversa, a criança chega eufórica falando outro assunto e cortando o diálogo, como um trem bala. Com processo de repetição de educação, percebe-se que eles aprendem que isso, é errado. Mas, como todos algumas vezes, repetimos os mesmos erros...esses seres pequeninos, também os cometem. Sempre a melhor maneira, é explicar com tranqüilidade que naquele momento, ela deve aguardar um pouco, a sua vez de falar. Lógicamente, se for algo emergencial, largue tudo.
Com minha filha, também sempre foi assim. Basta ser criança. E na maioria das vezes, ela mesma quer saber sobre o que é o assunto rolando, entre os adultos. Nem sempre é possível, envolver a criança no tema. Digo apenas...que é papo (coisa) de adulto e quando crescer, posso lhe explicar melhor, mas aquele...não é o momento. Incrivelmente...ela entende e respeita. Outro dia numa brincadeira na cama da mamãe...veio o assunto.
- As aulas vão começar mamãe, faltam quantos dias?
- 10 dias, querida.
- Vou precisar ter uma conversinha com a Gabriela.
Ouvi aquilo enchendo minha mente de dúvidas. Alguns adultos, quando falam que terão “uma conversinha” com fulano...é por que vão se segurar ou não, para não sair aos tapas. Continuei atentamente.
- É mesmo filha? – perguntei para que o diálogo se desenrolasse.
- É mãe...
- O que você quer conversar com ela?
- Ainda não sei mãe. Preciso falar alguma coisa...ela precisa mudar o jeito dela.
- Bom...pode conversar com ela, com calma...nada de bater, certo? – minha mente estava totalmente embaraçada.
- Eu sei mamãe. Na verdade eu ainda não sei mesmo o que vou falar. Ah mãe!!! É papo de criança!!!
Lembrei de quando eu falava que tal coisa...era...”papo de adulto”. Tal frase, confirmou o que sabemos. Tenha cuidado, uma criança observa muito. Uma criança, ouve muito e assimila. Não subestime esses seres pequeninos. São pequenos...mas não são...bobos.
Juli.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Retorno de Saturno

Eu estava prestes a completar 30 anos de idade. No entanto, não queria saber de comemorações em bares, baladas e afins. Minha vontade era cortar o bolo tão esperado pela minha filha. Resolvi que seria assim. Um bolo, em casa.
Algumas coisas estavam um pouco diferentes em minha mente. Estava pensativa sobre trabalho, família, maternidade, dinheiro, amizades, amores e saúde. Os pensamentos eram raios que cruzavam-se em meus pensamentos. Mas, minha postura era mais firme perante tantas coisas. Comecei a perceber como eu estava diferente. Porém, um pouco triste. A comemoração fora perfeita. Simples e aconchegante.
Um amigo de longa data, estava on-line no nosso famoso MSN. Comecei a conversar e explicar o que eu estava sentindo. Foi quando este sábio amigo... me apresentou o Retorno de Saturno. O Retorno de Saturno significa que o planeta em questão, transita posicionando-se depois de 28 a 30 anos, para o mesmo local em que ele estava quando nascemos. E isso, significa mais ainda que...é como uma passagem, um renascimento. Tudo seria diferente. Não seria mais possível agir apenas por impulsos, pois qualquer ação...passaria a ter mais conseqüências. Ele tinha razão.
Passados alguns meses depois do aniversário, esses pensamentos confusos, clarearam. Soube exatamente e definitivamente, o que me daria prazer em trabalhar. O que não quer dizer, que meu trabalho atual, não me seja prazeroso. Ele é. Mas, não é o que quero fazer pelo resto da minha vida. Até então, eu não sabia que outra faculdade fazer, que pós começar, cursos e etc. Isso havia ficado definitivo como objetivo próximo. Realmente passei a olhar para minha filha, com olhos muito melhores. Quando dava banho nela, estava realmente dando banho nela... não estava mais em meio a pensamentos vagos. Até então, isso acontecia com certa freqüência. Afinal de contas, não sou perfeita... sou um ser humano que erra também. Tornei-me mais responsável. Em tudo. Passei a pensar melhor, no que gastar o dinheiro recebido pelo mês trabalhado. Até então, não pensava em nada... chegava a ficar no zero...sem raciocinar direito sobre os meus gastos. Hoje, as aplicações... são inteligentes. Amizades que não me faziam bem, que me ofendiam e não me respeitavam mais, nem a minha filha, foram deixadas para trás. A sensação, fora de se deixar para trás, um peso. Hoje, reatei amizades, verdadeiras e sinceras. Respeitosas e adultas. Os amores que não se enquadravam como laranjas inteiras... tornaram-se laranjas podres...e foram tiradas de meu caminho. Meu suco ficou muito melhor sem as mesmas. Minha saúde, ainda não foi melhorada...será preciso pensar nisso. Como proceder para que seja melhor.
Porque então, eu estava triste naqueles primeiros momentos?
O peso de ser mais responsável é grande. O fato de não nos sentirmos mais, tão dependentes da família, que está até hoje conosco, que trocara minhas fraldas, entristece. Crescer e pensar que se está envelhecendo, um pouco...entristece. Fatores na vida da gente...simplesmente...entristecem. As pessoas possuem medo de admitir...mas muita coisa...entristece. Dia nublado para uns...entristece. TPM...entristece...Carro quebrado...entristece. Mas tudo...é passageiro. Tudo.
Agradeço todo dia, por ter sentido...as sensações e os sintomas do Retorno de Saturno.
Juli.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Fui pra diretoria

Com a entrada da minha filha na nova escola, novos problemas foram encontrados e da melhor maneira possível, resolvidos. Problemas infantis, não devem ser atropelados em seu curso...procure sempre, dialogar muito com seus filhos, mesmo que pensem, que sejam tão pequenos e que não entenderiam esse ou aquele assunto. Acredite, eles entendem.
Mesmo que seu filho procure uma mentira para fugir de certos acontecimentos, tenha calma... a verdade sempre é descoberta. E não precisa entrar em pânico, crianças mentem. Em algumas idades crianças mentem, pois ainda estão envolvidas em suas imaginações grandiosas e criatividade esplêndida. Outras ocasiões, se a criança mente para se safar de algo...deve-se chamar a atenção. Dor de cabeça, dor de barriga, dor na mão, para não ir para a escola e no período, brincar ferozmente, sem lembrar de nenhuma dor...e se você perceber que está mentindo, constantemente (todo dia)para alterar e convencer você de algo...procure orientação...saberá como agir. Ela pode realmente estar com algum problema na escola, em casa, na “perua” escolar, ou simplesmente...está mais afim de brincar do que estudar. Mas por favor...não bata no seu filho, por experiência própria, eu sei que não há a menor necessidade de um tapa. Juro. O diálogo ainda é a melhor maneira de ser relacionar, com outro ser humano.
A minha filha...sentia dores de cabeça...todos os dias na escola...melhorando apenas...com o famoso...”cházinho”. O chá...por sua vez...era mágico e milagroso. Tudo não passava de uma fuga infantil.
Fui chamada na escola da pequena, cinco vezes no ano passado. Pasme, apenas UMA tinha relação extrema causada pela minha filha e foi a mais suave e tranqüila...de todas. As outras quatro, foram desentendimentos entre a escola e OUTRA mãe e aluna. Vou explicar...vamos clarear essa nuvem estranha, que agora está dentro do seu crânio.
Na primeira chamada, quando recebi a ligação, meu coração veio até a minha boca, mas por sorte, eu consegui engoli-lo novamente. Eu estava sendo chamada para conversar com a orientadora educacional. Não me adiantaram o assunto, e eu com o susto, também não perguntei muito...Não trabalhei mais naquele dia. Não me alimentei direito. Não sei como eu consegui dirigir. Minha cabeça, estava voando. Eu só conseguia pensar, o que poderia ser? Minha filha querida, o que havia acontecido? Foi necessário...suco de maracujá e calmante natural. Não preguei o olho, tive pesadelos. Pode parecer exagero...mas quem tem filhos, sabe como as preocupações naturalmente apenas...surgem. Eu sou mãe. E sou pai também. Me sinto duplamente...responsável.
As outras ligações, me soaram iguais a primeira. Os sintomas que tive, foram os mesmos.
O que ocorria, era que a amiga Gabriela (cujo pai, explicou-lhe equivocadamente, o que é ser gay – vide post “Mamãe, o que é gay?”)...havia adquirido um sentimento de posse, perante a minha filha. Minha filha como já citei, é de fácil amizade e convívio. No entanto, a outra colega, não permitia que minha filha, tivesse outras amizades. Chorava, se jogava no chão, fazia birras em meio ao pátio do colégio...empurrava as demais que se aproximavam de minha filha, continuava a colocar pertences na lancheira da minha filha, a qual sofrera muito, com tanta pressão. Pense nisso, uma criança de seis anos sofrendo...todos os dias..pressão de um colega na escola. Era um martírio para minha menina. Estava claro para mim, que a menina Gabriela, precisava de ajuda de sua família e de um profissional. Por mais que eu falasse na escola, que acreditava que isso não seriam motivos para me chamarem e sim, apenas a outra mãe, eu respeitosamente e pela minha filha, atendia aos pedidos de presença, feitos pela orientadora. Até a última chamada. Já não suportava mais, tal história. Nesta última chamada...me foi relatado que a minha filha, batera e gritara muito com a outra menina. No entanto...minha filha, chorava, não queria mais ir a escola, não dormia mais, estava sempre com dores...tudo por causa de tanta pressão. Ela simplesmente...explodiu. Apenas concordamos, a escola e eu, de que por opção da minha filha, ela se afastou de tal menina e eu orientaria de que, agressões físicas não são o melhor caminho a se seguir. Sendo assim, se ela fez a opção dela, corretamente ao meu modo de ver, deveria ser respeitada. Soube desta vez, que a criança Gabriela, tinha realmente alguns problemas, necessitando então de psicopedagogos. Talvez ciúmes pelo irmão mais novo. No entanto, concordamos também que isso não era minha filha que resolveria. Jamais poderia ser responsável por cuidar e resolver, os problemas de outra criança. Ficara claro que eu, não mais atenderia chamados, caso o assunto fosse...Gabriela. Eu atenderia...caso fosse...minha filha. Hoje, a escola e eu, seguimos com um bom relacionamento, muito bom por sinal. Senti respeito pela minha filha e por mim. Senti respeito pelas opções de minha filha. Respeito pelo encaminhamento que dei, tentando demonstrar desde já...o que são boas amizades...e o que não são.
Hoje, ela segue em tranqüilidade total para a escola. Principalmente, por saber que a outra menina...estuda em outro período agora.
Juli.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Felipe

Nós deveríamos estar preparados para mudanças. Mas, a grande realidade, apesar de muitas pessoas dizerem que são preparadas para tudo e para o novo, é que isso não ocorre na íntegra. Quando esperamos uma notícia sobre um exame de urina feito no hospital, estamos um pouco preparados para saber se é ou não, uma infecção urinária e qual é a bactéria que teremos de combater com o uso de um antibiótico. Mas...não estamos prontos para receber uma notícia muito pior. Esse exemplo, é bobo mas transparece exatamente o que quero dizer, quando não estamos prontos para tudo. Somos pegos de surpresa.
No ano passado, minha filha mudou de uma escola pequena, uma casa, para um colégio, com vários prédios, escadarias e caminhos duplos. Como é de se esperar, uma mãe de uma criança de cinco anos, que de uma casa, passa a freqüentar um condomínio, fica apreensiva num primeiro momento. Comigo também foi assim. Não sei até que ponto, um fator foi bom ou prejudicial para ela. Os colegas que freqüentavam a escola pequena, mudaram-se juntos para a nova escola grande. Até que ponto é ideal o convívio sempre com as mesmas crianças? Será que ela faria novas amizades? Será que ocorreriam problemas de ciúmes, caso ela arrumasse outras colegas?
Muita coisa aconteceu, e vou relatar em outros posts. Neste, falaremos de um caso específico. Minha filha, tem assim como eu, fácil convívio com o ser humano. Costuma fazer amizades rapidamente, com seu jeito divertido e sarcástico de ser. Possui uma imaginação ímpar.
Naquele ano, já tinha feito novas amizades, brigado com as antigas, reatado as mesmas, brigado com as novas...Assim mesmo, como é a vida de uma criança em fase escolar. Normal.
Já passados alguns meses que ela freqüentava a escola e que eu bagunçava nas festas escolares, veio um fato interessante. A menina de seis anos de idade agora, estava...digamos...assim...hummm...namorando. Nessa fase, as meninas já  começam a brincar mais com meninas, e os meninos com meninos. Em determinados momentos, a brincadeira acontece em conjunto. Mas, na maioria do tempo...eles mesmos, se separam por pura normalidade e escolha. Mas, havia um lindo garotinho que mexeu com os olhos da pequena criança. Eu não poderia sair andando pela casa aos berros e tendo chiliques, quando com essa idade eu também entitulei um grande amigo do Jardim de Infância, como sendo...meu namorado. Se eu saísse aos gritos, ela entenderia que namorar, na vida, é algo errado. Sabemos que não é. Mais uma vez, me deparei com uma situação que me permitiu ensinar as coisas, de maneira sutil e sempre, verdadeira. Pedi que ela me informasse de que maneira eles namoravam.
-  Ele é bonito e legal, mas não brinco nem falo muito com ele mamãe.
- Vocês andam de mãos dadas na escola? – perguntei.
- Claro que não né mãe, eu nem conheço ele direito – ela respondeu.
- O nome dele, você sabe? – testei.
- Felipe.
Por dentro, eu estava a gargalhar. Que namoro lindo. Nem se conheciam muito bem...e pelo visto...ele nem sabia que estava num namoro. Achei realmente divertido. Apenas expliquei, que agora ela era uma criança. E que crianças não se beijam na boca, não ficam de namoro pela escola. Era um momento mais para aprender a ler e escrever, escovar os dentes, tomar banho sem ajuda, pintar, desenhar e brincar. A menina apenas balançava a cabeça, com afirmação e concordância. Mas tenho que admitir uma coisa. Numa festa na escola... eu vi o garoto. O Felipe era realmente lindo. Uma criança maravilhosa, com traços perfeitos. Com certeza, deixará sua mãe de cabelos em pé, assim que entrar na pré-adolescência. O telefone da Sra. Mãe do Felipe, não vai parar de tocar.
No fim do ano, numa conversa casual, perguntei para a minha filha, como estava o Felipe.
- Terminamos. – ela respondeu firmemente.
- Jura? O que houve? – entrei na fantasia.
- Ele está fazendo coisas erradas e feias, agora ele anda com o Giovanni, e eles vão muito pra diretoria. Não quero mais saber dele.
- Credo, melhor sair fora mesmo – respondi.
E por fim...a menina segue todos os dias, sem nem olhar mais para o Felipe, com outros olhos. Ele estava fazendo muita arte, e a professora não estava mais aprovando. Esperta fora ela... que saiu fora, na hora que a coisa pegou para o lado de Felipe. Admito que o termo “terminamos” advindo de uma criança de seis anos, é realmente muito engraçado.
Esses dias, jantando com ela, e minha mãe lavando a louça...lancei no ar a pergunta:
- E o Felipe filha, como vocês estão?
- Nossa mãe...terminamos faz muito tempo. Isso foi no ano passado.
- E não tem mais nenhum menino bonito na sua sala?
- Nem sei mãe.
Realmente...nessa idade...eles se separam mesmo. Cada um na sua. Meninas aqui, meninos do outro lado. Quem sabe no colegial, o Felipe toma jeito...e ela...que continue sempre muito esperta e sensata. Que continue sabendo fazer boas escolhas.
Mal sabe ela...que um dia...eu também tive um Felipe.
Juli.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Mamãe, o que é gay?

Resolvi comentar o que ocorreu ano passado, para posteriormente poder comentar um outro fato, ligado a esse tema.
Depois do trabalho, como de costume...chego em casa, ocorre a janta, ocorre um papinho, uma brincadeira infantil e o banho. Aquele corpinho já estava praticamente todo limpo, cheirando sabonete mágico infantil, quando chegou sem aviso aos meus ouvidos, o seguinte questionamento:
- Mamãe, o que é gay?
Pega de surpresa, por poucos segundos, me mantive em silêncio. Antes de começar a lançar um texto longo ou curto, que ainda não havia sido formulado em meu cérebro, eu resolvi que antes seria melhor saber de onde veio tal questão.
- Porque filha, de onde ouviu isso?
- Mamãe, o que é gay? – ela insistiu.
Percebi naquele momento, que ela talvez não quisesse me contar de onde veio tal dúvida. Foi necessário então, jogo de cintura, pois eu já não sabia onde confiar tal pensamento. De onde veio a informação de que no mundo, existem gays? Com certeza, teria vindo de algum colega de sala, ou poderia ter vindo de algum colega de “perua” escolar. No entanto, que idade teria esse (a) colega que enfiou a informação gay na cabeça da criança de seis anos? Outro colega de seis anos? Ou o (a) colega de “perua” escolar, de 15 anos? Eu arrancaria tal informação, de qualquer maneira. Quase qualquer maneira, lembrando que eu não tenho necessidade de dar palmadas na minha filha. O diálogo nosso, é perfeito. Uma sintonia muito forte e abrangente.
- Muito bem. Eu te falo o que é gay, mas você antes me conta, de onde surgiu essa idéia.
- A Gabriela falou que o Justin Bieber é gay.
Estava explicada a mentalidade paterna e materna, que eram presentes na sombra da amiga da minha filha. Sem qualquer dúvida, os pais da criança já haviam lhe permitido ter tal informação, embora de uma maneira equivocada, pois segui com o diálogo assim:
- E ela sabe o que é gay? Por que ela disse isso sobre o Justin Bieber?
- Ela não sabe não mãe, eu perguntei para ela. Mas ela falou que foi o pai dela que disse.
Pobre menina Gabriela. Possui a indagação de que um garoto é gay, pelo simples fato de que seu pai falou algo em casa...e péssimamente, sem fundamento. A menina poderia achar aquilo interessante e dizer por aí que...seu pai era gay, igualzinho o Justin Bieber. Com certeza, o pai da criança, é péssima influência em casa. Enfim...como eu citei, Deus deu a cada um, uma vida...portanto, cada um deve cuidar da sua. O pai da menina que continue sendo assim...um horror, um assassino da inteligência humana. E eu, criando um ser pleno de sabedoria.
- Gay, minha filha, são meninos que namoram e gostam de meninos. Assim como, meninas que namoram meninas. É isso.
- Estranho, né mamãe?
- É, mas isso acontece mesmo.
- Então se gay, são meninos que namoram e gostam de meninos...o Justin Bieber não é gay. Preciso avisar a Gabriela.
E a conversa terminou aí. A maneira como você coloca informações para seu filho deve ser cuidadosa. Sempre, em todos os assuntos. A maneira como aquele pai, colocou o que é ser gay, é uma maneira completamente cheia de preconceitos. E acredito que, a maneira  como eu coloquei para minha filha, sobre o que é ser gay, foi puramente a realidade. De uma maneira sutil, ela aprendeu que ser gay...é algo que simplesmente...existe. Em momento algum, citei que isso, seja algo... errado e de outro mundo. A informação do que é ser gay, não influenciou ainda, a opção sexual dela, visto que continua andando pela casa com seu pôster do Justin Bieber...em mãos.
Juli.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Nova Era

Percebe-se notável diferença presente nas crianças de hoje em dia...2011. Me deparei com uma vontade superior de jogar jogos eletrônicos neste fim de semana. Infelizmente, o corpo humano é ao mesmo tempo forte e frágil. Problemas de saúde me obrigaram a passar os dois dias de descanso...literalmente em descanso. Um tédio acometia minha filha. Outro tédio acometia a mãe da minha filha. Quando por poder de força maior, lancei ao ar um questionamento:
- Que tal, se a gente jogasse vídeo-game?
Ouvi como resposta um sim maravilhado. A empolgação tomou conta do tédio que nos acometia. Seguimos para a TV mais próxima, sem atrapalhar os demais presentes. Ligamos os fios, conectamos as pecinhas...e perguntei novamente...
- Que jogo você quer?
Fiquei parada com o olhar seguindo os olhos da menina. Por um instante, ficamos nessa posição. Olho no olho. Quando ouvi a resposta...
- Aquele proibido...aquele que pequenos não podem jogar. Aquele de gente grande.
GTA San Andreas, era o jogo a que ela se referia. Se é proibido ou não, eu até hoje, não consegui saber. Me parece que menores de 18 anos não poderiam jogar. É apenas uma indicação. No entanto, aquela menininha de dedos pequeninos...nem tinha alcançado os sete ainda. Errada fui eu, que por curiosidade uma vez coloquei o jogo...Não sabia o que era na ocasião, quando percebi que o personagem podia facilmente meter as mãos e arrancar sangue da cara de um policial. Tirei no mesmo momento. Me faltara informação. Mas, a criança gostou.
Logicamente, pedi que ela procurasse outro. Rapidamente escolheu Lego – Indiana Jones. Colocou no aparelho, e sozinha fez funcionar. Com seis anos de idade, eu não fazia isso. Era completamente dependente de alguém para ligar o vídeo-game.
Porque será que jogos assim acabam atraindo as crianças? Pelo simples fato de que seja algo errado, proibido para tal idade? Elas já gostam do que é proibido? Ou pelo fato de que sabem que bater num policial ou num cidadão seja errado e ali, no game, ela pode fazer isso (não podendo fazer na vida real)? Será que quem joga, fica realmente mais violento? Não sei. Mas sei, que ela não é a única criança a tomar gosto pelo que não pode. Sei que faz parte do crescimento humano.
Seguimos com Lego – Indiana Jones, a tarde toda. Descobrimos novos caminhos e novas fases. Ao se cansar - eu havia me ausentado para buscar um suco - ela simplesmente desligou o aparelho, ligou a TV no modo TV e apareceu na cozinha.
Ligar e desligar vídeo-game, mudar função da TV, escolher o jogo que quer, saber o jogo que não pode...aos seis anos de idade...me parecem ser...uma...Nova Era.
Juli.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sete anos

São sete anos de vida, que minha filha vai completar este ano. Em outro momento, devo relatar mais sobre essa história que tenho, desde muitos anos já. Apenas para constar como um fato importante, nas minhas citações, quando digo “em minha casa”, refiro-me às pessoas, que eu moro hoje e sempre morei. Não moro com o pai dela. Moro com ela, com os meus pais, um irmão, e dois gatos (macho e fêmea). Mais para frente, com um texto legal, posso explicar ou não...tal situação. Veremos.
Este ano me deparei com um pedido inusitado. A menininha que completará sete anos de idade, não quer ganhar uma Barbie, ou uma Polly, ou uma bonequinha que pode alimentar com papinha imaginária, ou uma bonequinha que faz cocô. A menina quer realmente, algo do tipo, dinossauros, caçadores, carros de busca e salvamento de animais, navio pirata, polvos do mar junto com piratas, arminhas dos piratas, caveiras de areia e tesouro. Percebo que ela anda meio de saco cheio de suas Barbies, Pollys, e afins. Dificilmente tem brincado com suas bonecas. Ela gosta realmente é de uma dupla inseparável que temos em casa. Um sapo, cujos olhos estão todos brancos, parecendo cataratas, que não toca mais musiquinha devido aos anos que se passaram, e um macaquinho pequenino, marrom claro, entitulado irmão do sapo, vindo da Costa Rica, quando o meu irmão fora passar uns dias a trabalho. São irmãos, o sapo e o macaco. E eu, sou avó. O sapo leva o nome de meu avô por parte de mãe. O macaco, leva o nome que a menina escolheu por livre vontade. São o Filis (de Felisberto) e o Henrique (de Henrique mesmo).
Percebo que a cada dia, eu estou mais e mais ansiosa para comprar e abrir o Navio Pirata que vi na Ri Happy...eu acho que em casa, eu e ela estamos num empate de quem gosta mais de brinquedos. A desculpa que tenho de perder horas jogando vídeo game e brincando de qualquer outra coisa, é a minha filha. Sempre ela é a culpada de estarmos brincando e fazendo bagunça. Ela é culpada por eu adorar os brinquedos dela...Bom, a verdade é que...sou réu confesso. Eu amo brinquedos. Nunca consigo passar numa loja de brinquedos e ficar só na vitrine. Vitrine de lojas de brinquedos não tem a menor graça. São totalmente dispensáveis. Nossa...como eu vou brincar de piratas esse ano!!!
Infelizmente, a sociedade também impõe uma regra que não existe. Isso é de menina, isso é de menino. Azul é cor de menino. Meninas não podem ter um boneco de ação. Meninos não podem brincar de comidinha. Enquanto a sociedade impõe regras cheias de preconceitos, eu crio minha filha, como um ser mais inteligente, usando totalmente a imaginação existente, de uma forma lúdica e plena de sabedoria.
Aliás, ela sempre está linda de vestidinho da Moranguinho, brincando de carrinhos, no chão da sala.
Juli.

A Sociedade impõe...eu me excluo.

Há tempos, eu tenho a idéia de começar a colocar meus pontos de vista, sobre vários assuntos, para outras pessoas. Pensei então...que um bom caminho...poderia ser um blog. Acredito que blogs podem nos permitir, ter maior liberdade de dizer o que bem queremos...e até o que não queremos.
Alguns meses atrás, eu li um blog de um amigo, a quem tenho um carinho especial, desde a infância...embora, não tenhamos maiores contatos, nem ao menos tenho o telefone dele...eu continuo tendo o mesmo carinho que eu tinha quando era pequetita. No entanto, esse blog, é algo muito íntimo para ele...Fiquei feliz com a abertura e confiança que tenha depositado em mim.


Eu vejo a sociedade impondo certas regras, que não existem escritas em lugar nenhum...não existe um estatuto, não existe uma lei, não existem artigos, não existe nada. Por isso, levo aos meus pensamentos que nada mais é do que um blefe da sociedade.
Há tempos, eu escuto no trabalho, um ou outro colega, falando que eu só quero saber de bagunçar, só quero pessoas com problemas diversos, e que não arrumo um cara legal, porque eu sou isso ou sou aquilo (burra). Vou explicar melhor, para que não fique parecendo um péssimo entendido. Dizem que sou bagunceira, burra, nos termos amorosos. Não estou colocando aqui, como falta de organização no trabalho, etc. Estamos falando sobre relacionamento amoroso.
Passei então, de uns tempos pra cá, a não falar mais sobre meus casos amorosos. Eles existem, mas são puros, são claros, são almoços, happy hour apenas, são casuais. Mas, são acima de tudo, honestos. Quando chego em casa, não tenho esse tipo de cobrança. O que eu acho realmente, ótimo. Acredito que eu esteja sendo respeitada com minha decisão. Quando encontro amigas, as mesmas me entendem perfeitamente. Mas...não são todas. As pessoas são bem diferentes nos seus pontos de vistas. E...assim como eu acho que mereço respeito pelas minhas decisões...eu respeito as demais. O problema ocorre, quando essa ou aquela pessoa, essa ou aquela turminha de colegial, das antigas, ou essa ou aquela vizinha, insistem em querer colocar na sua mente que...você TEM QUE ter alguém. Não são conselhos...são imposições. E imposições desse tipo, são amplamente...irritantes. Por mais que você diga que...no seu modo de pensar...não existem as metades das laranjas (como diria Fabio Jr) e que não crê em almas gêmeas, a pessoa insiste em afirmar que você TEM QUE. Ninguém TEM QUE ter alguém na vida. Ninguém é obrigado a namorar, a casar, a noivar, a morrer junto. Obrigação temos...é de sermos felizes. Felicidade, é um momento...acabamos de descobrir isso...felicidade é um estado, é um sentimento. Portanto, se você é solteiro (a), e se sente feliz assim...você está de parabéns. O mais importante de tudo...não é ter alguém, é SER alguém. Em segundo momento...depois de SER alguém, se quiser...tenha alguém. Faça o que quiser. Ame ou não. Deus deu uma vida a cada um...cuide da sua. Deus deu uma vida a cada um...viva a sua. Se Deus deu uma vida a cada um, cabe em meus pensamentos...a confirmação de que para ser feliz...basta UMA vida.


Juli.