sexta-feira, 11 de março de 2011

Um milagre

Será um milagre? Parece ser. O processo denominado oxidação biológica me parece ser algo mágico. Um simples inseto é capaz de transformar a energia química em energia luminosa. Um processo químico, que ao desativar uma molécula, essa simplesmente emite... luz. Algumas das melhores experiências de minha infância e minha pré-adolescência ocorreram em acampamentos. No decorrer do tempo, vou postando mais histórias de acampamento. Ao menos... das minhas estadias fora de casa. Geralmente localizados no interior de São Paulo e estados adjacentes, foram alguns dos locais mais maravilhosos para um contato com a natureza. Não tinha mar. Não tinha areia. Tinha muito verde. E muitos bichos... pequenos e grandes. Estrelas brilhantes como os olhos de uma criança ao receber um presente surpresa. Eu não me recordo quando tive meu primeiro contato com essa espécie de insetos, mas lembro da minha experiência visual, nos acampamentos. Comecei a acampar, acredito que com 10 anos de idade. Viajava com a turma da escola. Ficávamos três dias e retornávamos. Tudo me deixava maravilhada. Minha mente carrega desde então, a imagem de um vaga-lume. Eram muitos. Piscavam. Suas luzes eram algo mágico e intrigante. Eu mal podia esperar para chegar a noite. Só para vê-los. Há muitos anos eu não vejo um vaga-lume. E você?
Depois de anos, resolvi buscar informações sobre a ausência desses insetos, ao menos na cidade de São Paulo. Nada encontrei. O material é defasado. O que aparenta é que as pessoas, nem se lembram que um dia viram um vaga-lume. E que importância tem...se eles existem ou não? Para mim isso importa, cada vez que me recordo deste inseto, lembro da magia que o envolve e noto que pela sua ausência... talvez minha filha nunca veja um. Caso você tenha alguma informação sobre o paradeiro de um vaga-lume, por favor, me comunique. Entendi anos depois o motivo de suas luzes. As cores das luzes variam de espécie para espécie. No caso dos insetos adultos, é um atrativo sexual, para que seja feito um encontro romântico e a espécie possa procriar e seguir com sua existência. Sua luz pode servir de defesa e ataque...a luz que me encantou, pode fazer o mesmo com outro inseto...e este...acaba virando comida. O problema é que o vaga-lume parece estar entrando numa fase de extinção. Isso acaba ocorrendo, pois as cidades grandes possuem muitos postes e luzes artificiais. Algumas fêmeas, vivem pelo chão e atraem seus namorados, pela luz. Com muita luz na cidade, essa comunicação fica comprometida. E o namoro simplesmente...não acontece. Um dos meus sonhos é mostrar um vaga-lume para minha filha. Tatu-bolinha está difícil também. Tive tanto contato com esses insetos...acredito que minha filha se divertiria também. Talvez algumas pessoas acreditem que tudo o que postei até aqui é besteira. Tudo bem, respeito. Mas...somos culpados por acabar com outra espécie. Eu sou responsável por isso. Você também. Infelizmente a vida força o final de uma espécie. Sentiria-me um pouco mais realizada com a simplicidade em mostrar que um dia existiu um inseto mágico, que emitia luz com seu próprio corpo, pequenino e indefeso, perante o ser humano.

Juli.

Um comentário:

roseli disse...

há anos q não vejo vagalumes.....q pena....bichinhos super interessantes....maravilhosos.

ah, as libélulas!ainda existem e as vemos constantemente em nosso quintal, planando, fazendo sua visita diária....o q acho interessante, como um encontro marcado.....