quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Felipe

Nós deveríamos estar preparados para mudanças. Mas, a grande realidade, apesar de muitas pessoas dizerem que são preparadas para tudo e para o novo, é que isso não ocorre na íntegra. Quando esperamos uma notícia sobre um exame de urina feito no hospital, estamos um pouco preparados para saber se é ou não, uma infecção urinária e qual é a bactéria que teremos de combater com o uso de um antibiótico. Mas...não estamos prontos para receber uma notícia muito pior. Esse exemplo, é bobo mas transparece exatamente o que quero dizer, quando não estamos prontos para tudo. Somos pegos de surpresa.
No ano passado, minha filha mudou de uma escola pequena, uma casa, para um colégio, com vários prédios, escadarias e caminhos duplos. Como é de se esperar, uma mãe de uma criança de cinco anos, que de uma casa, passa a freqüentar um condomínio, fica apreensiva num primeiro momento. Comigo também foi assim. Não sei até que ponto, um fator foi bom ou prejudicial para ela. Os colegas que freqüentavam a escola pequena, mudaram-se juntos para a nova escola grande. Até que ponto é ideal o convívio sempre com as mesmas crianças? Será que ela faria novas amizades? Será que ocorreriam problemas de ciúmes, caso ela arrumasse outras colegas?
Muita coisa aconteceu, e vou relatar em outros posts. Neste, falaremos de um caso específico. Minha filha, tem assim como eu, fácil convívio com o ser humano. Costuma fazer amizades rapidamente, com seu jeito divertido e sarcástico de ser. Possui uma imaginação ímpar.
Naquele ano, já tinha feito novas amizades, brigado com as antigas, reatado as mesmas, brigado com as novas...Assim mesmo, como é a vida de uma criança em fase escolar. Normal.
Já passados alguns meses que ela freqüentava a escola e que eu bagunçava nas festas escolares, veio um fato interessante. A menina de seis anos de idade agora, estava...digamos...assim...hummm...namorando. Nessa fase, as meninas já  começam a brincar mais com meninas, e os meninos com meninos. Em determinados momentos, a brincadeira acontece em conjunto. Mas, na maioria do tempo...eles mesmos, se separam por pura normalidade e escolha. Mas, havia um lindo garotinho que mexeu com os olhos da pequena criança. Eu não poderia sair andando pela casa aos berros e tendo chiliques, quando com essa idade eu também entitulei um grande amigo do Jardim de Infância, como sendo...meu namorado. Se eu saísse aos gritos, ela entenderia que namorar, na vida, é algo errado. Sabemos que não é. Mais uma vez, me deparei com uma situação que me permitiu ensinar as coisas, de maneira sutil e sempre, verdadeira. Pedi que ela me informasse de que maneira eles namoravam.
-  Ele é bonito e legal, mas não brinco nem falo muito com ele mamãe.
- Vocês andam de mãos dadas na escola? – perguntei.
- Claro que não né mãe, eu nem conheço ele direito – ela respondeu.
- O nome dele, você sabe? – testei.
- Felipe.
Por dentro, eu estava a gargalhar. Que namoro lindo. Nem se conheciam muito bem...e pelo visto...ele nem sabia que estava num namoro. Achei realmente divertido. Apenas expliquei, que agora ela era uma criança. E que crianças não se beijam na boca, não ficam de namoro pela escola. Era um momento mais para aprender a ler e escrever, escovar os dentes, tomar banho sem ajuda, pintar, desenhar e brincar. A menina apenas balançava a cabeça, com afirmação e concordância. Mas tenho que admitir uma coisa. Numa festa na escola... eu vi o garoto. O Felipe era realmente lindo. Uma criança maravilhosa, com traços perfeitos. Com certeza, deixará sua mãe de cabelos em pé, assim que entrar na pré-adolescência. O telefone da Sra. Mãe do Felipe, não vai parar de tocar.
No fim do ano, numa conversa casual, perguntei para a minha filha, como estava o Felipe.
- Terminamos. – ela respondeu firmemente.
- Jura? O que houve? – entrei na fantasia.
- Ele está fazendo coisas erradas e feias, agora ele anda com o Giovanni, e eles vão muito pra diretoria. Não quero mais saber dele.
- Credo, melhor sair fora mesmo – respondi.
E por fim...a menina segue todos os dias, sem nem olhar mais para o Felipe, com outros olhos. Ele estava fazendo muita arte, e a professora não estava mais aprovando. Esperta fora ela... que saiu fora, na hora que a coisa pegou para o lado de Felipe. Admito que o termo “terminamos” advindo de uma criança de seis anos, é realmente muito engraçado.
Esses dias, jantando com ela, e minha mãe lavando a louça...lancei no ar a pergunta:
- E o Felipe filha, como vocês estão?
- Nossa mãe...terminamos faz muito tempo. Isso foi no ano passado.
- E não tem mais nenhum menino bonito na sua sala?
- Nem sei mãe.
Realmente...nessa idade...eles se separam mesmo. Cada um na sua. Meninas aqui, meninos do outro lado. Quem sabe no colegial, o Felipe toma jeito...e ela...que continue sempre muito esperta e sensata. Que continue sabendo fazer boas escolhas.
Mal sabe ela...que um dia...eu também tive um Felipe.
Juli.


2 comentários:

Anne disse...

que legal!
meu felipe chamava marquinhos. e eram dois! marcos vinícius e marcos ananias... hahahha
mas eu estava na terceira série! as coisas aconteciam um pouqinho depois antigamente... (que papo de tiazona)
bjo

Katia Monteiro disse...

Adorei, Ju!!!
Essas crianças são o máximo!
Tivemos muitos Felipes no jardim de infância, não é mesmo???

Estou adorando as histórias da Carol!!!

Bjo
Katia