terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Passagem Secreta

Este post é longo, eu sei. Porém muito interessante. Leia até o fim, garanto que você não vai se arrepender.
Confesso. Eu tive um amigo imaginário na infância. Na minha época, naquela era da geração Coca-Cola, ter 12 anos significava ser criança. Aos 13 e 14, estava descobrindo que namorar era algo interessante. Ou não. Confesso mais uma vez. Eu tive esse amigo...por longos anos...não me recordo exatamente quando ele surgiu. E também nem como e quando ele se foi. Mas...eu sinto muita, muita, muita saudade do Vinícius. Tínhamos mais ou menos a mesma idade. A gente não sabia quem era mais velho. Nunca tivemos essa informação. Acredito que ele tenha ido embora, aproximadamente com 12 anos. Espero muito que ele esteja bem.
Se você estiver se perguntando se eu era uma criança solitária...já lhe informo que não. Eu morava num bloco de apartamentos com muitas crianças. Brincava muito no parquinho e tive muita vitamina S (sujeira). Eu chegava em casa toda preta de sujeira. Minhas roupas...ficavam irreconhecíveis. Obrigada mãe, por recuperá-las.
Li estudos que dizem ser absolutamente normal, uma criança mais sensível e inteligente, criar um amigo como esse, entre 3 e 6 anos de idade. Caso entre na pré-adolescência, com tal amigo, deve-se procurar ajuda profissional. Alguns pais, não levam tal amigo com naturalidade. Nunca chame seu filho de tolo, de maluco. Tolo é você se fizer isso.
O Vinícius aparecia apenas...em casa. A bola quicava na parede e voltava para minhas mãos. Parede? Eu quis dizer...Vinícius. Lanche da tarde em período de férias...era servido para mim, meu irmão e o Vinícius. Playmobil era praticado em dupla. Barbie ele não gostava, era coisa de menina. Que tonto. Carrinhos, ele adorava estacionar. Mas...eu brigava muito com ele, por não querer me ajudar a guardar os brinquedos utilizados. Ele estudava em outro período e escola. Agradeço aos meus pais, por terem levado o caso com inteligência e sabedoria. Eu nunca fui recriminada por ter tamanha imaginação. Hoje, tenho grande criatividade desenvolvida, graças aos meus pais me permitirem desde cedo, colocá-la em prática.
Minha filha não seguiu por este caminho. Mas...por um caminho bem semelhante. Algumas crianças...não imaginam amigos como humanos...mas podem utilizar um objeto para o mesmo fim. Como citei...o Filis e o Henrique são seus maiores amigos. São objetos.
Será que existe alguma explicação química para esses episódios? Não sei. Por mais que digam ser normal, pois crianças possuem imaginação e vivem em mundos de sonhos...o que diferencia umas terem tal tipo de amizade e outras não terem? Se são todas crianças...todas deveriam ter então. Se alguém souber me explicar melhor...agradeço. Estou à disposição.
A menina que completará sete anos, no próximo mês, possui não um amigo imaginário, mas demonstra grande imaginação. No corredor interno da casa, no piso superior, próximo a frente da porta do seu quarto, existe nada mais, nada menos...do que...uma passagem secreta. Acredito que essa idéia tenha vindo, do jogo que lhe apresentei um dia.” Hero Quest” um RPG de tabuleiro, cheio de monstros, feitiços, magias, arminhas, heróis, abismos, passagens secretas, tesouros e uma quinquilharia mais que pode suportar um jogo de RPG. A garotinha ficou encantada com o mesmo. No entanto, a passagem secreta no corredor da casa, surgiu meses depois de ter jogado o “Hero Quest”.
Cheguei do trabalho, depois de um dia cansativo. Meus pais estavam em casa, e minha filha também. Estava de férias. Um calor beirando o insuportável. Chamei por ela. Sem resposta. Chamei novamente. Sem sucesso. Minha mãe achou estranho e comentou que ela disse que “ia dar uma volta”, e sumiu pelo andar de cima. Meu coração mais uma vez na minha vida, foi parar na minha boca. Consegui engoli-lo de volta. Chamei um pouco mais alto. Crianças...quando avisam que vão fazer algo pleno de criatividade e simplesmente...somem...ou se silenciam...é sinal verde de que algo está para acontecer. Desastroso ou divertido...é esperar ou não, para se ver o resultado. Com a tentativa um pouco mais alta de chamar-lhe pelo nome, ela apareceu...
- Ah...oi mãe...desculpa, eu não te ouvi pois eu estava longe. Fui na casa da Mayara e voltei.
Por instantes...eu me calei. Esperei no pé da escada, para abraçar carinhosamente aquela pequena criatura. Estava cheirosa. De camisolinha azul. Naquele primeiro momento, não dei atenção pelo fato de ter literalmente “viajado” até a casa da Mayara. Mayara, é sua melhor amiga na escola. Conversando com meus pais, preparando o prato da pequena para o jantar, ela entrou na cozinha com os pés descalços.
- Mamãe, eu preciso muito te contar um segredo. Você pode vir aqui na sala, só um minutinho? –me pediu carinhosamente.
- Claro.
Dirigimo-nos para o sofá. Sentamos e ela sussurrou ao meu ouvido.
- Mamãe, não conta pra ninguém. Não conta nem pra vovó, nem “pro” vovô, e nem “pro” titio. Pra ninguém.
- Tudo bem filha, não vou contar. Diga amor, o que houve? – respondi em seu ouvido, bem baixinho.
- Lá em cima mamãe...tem uma passagem secreta.
Naquele momento sim, eu entrei em sua fantasia. Não me ocorreram imagens e pensamentos nenhuns de qualquer perigo ou equívocos, em alimentar aquela brincadeira. Eu tenho verdadeira fixação sobre o mundo mágico e infantil. É sem dúvidas, o mundo mais do que perfeito. É puro e inocente.
- Sério filha? Onde? Você entrou nela? – continuei, demonstrando curiosidade e crença no que ela havia dito.
- É mamãe, é na parede, perto do nosso quarto. Eu te mostro. Mas, não fala pra ninguém, tá?
- Não falo não. Pode deixar. Você quer me mostrar agora ou mais tarde?
- Pode ser agora.
Subimos em silêncio. Minha mãe estava próxima do local. Esperamos. Disfarçadamente, aguardamos o melhor momento para continuarmos com nosso...segredo. Logicamente, estavam as duas, eu e minha filha, com a feição de estar cometendo...um crime. Era nítido que estávamos escondendo algo. Assim que minha mãe entrou no banheiro, a pequena me mostrou o local.
- É aqui mamãe – colocando as duas mãos esticadas na parede.
- É? – e fiz o mesmo que ela.
- Sim – e começou a empurrar a parede.
- Huuuuuur... – a imitei.
- Nossa...não está abrindo. Eu acho que é porque você está aqui – falou apreensiva e me olhou.
- Tudo bem querida. Mais tarde, você volta. Tenho certeza de que vai abrir. Eu também acho que porque estou aqui, não está abrindo. Isso acontece.
E descemos para jantar. Quando perguntei sobre o passeio dela para a casa da amiga, pela passagem secreta...ela respondeu que tinha sim me escutado chamar. Mas, pensou que eu não ouviria caso ela respondesse que já estava voltando. Pedi então, que quando ela estivesse dentro da passagem secreta, e alguém a chamasse, ela tentasse falar mais alto...que já estava voltando de seu passeio. Com isso, ficaríamos mais tranqüilos e aguardaríamos o seu retorno, sem problema nenhum. Ela concordou. Fantasie, e verá o quanto é capaz, a mente de seu filho.
Juli.

4 comentários:

Anônimo disse...

ADOREI TEU BLOG PARABENSSS

Anne disse...

Que graça, né?
Em casa minha irmã é que tinha o amigo imagináio, mas eu tive uma passagem secreta: no banheiro (vá entender) abria uma porta para uma sala de ballet. Lembro como se fosse ontem! Real como a minha sala de casa.
Crianças são seres fantásticos!
bjos

Anônimo disse...

CARAMBA, LEMBRO DESSE DIA E DO SUSTO QDO ELA SUMIU...RSRSRSRR
TENHO MAIS UMA PORTA EM CASA? PRECISO OUVIR QDO ELA RANGER......

Anônimo disse...

FICAREI MAIS ALERTA....RSRRSRSR